quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

IMPRESSIONISMO


AULA 18/02

INTRODUÇÃO

Claude Monet
Recebe o nome de impressionismo a corrente artística que surgiu na França, principalmente na pintura, por volta do ano de 1870. Esse movimento, de cunho antiacademicista, propôs o abandono das técnicas e temas tradicionais, saindo dos ateliês iluminados artificialmente para resgatar ao ar livre a natureza, tal como ela se mostrava aos seus olhos, segundo eles, como uma soma de cores fundidas na atmosfera. Assim, o nome impressionismo não foi casual.

O crítico Louis Leroy, na primeira exposição do grupo do café Guerbois (onde os pintores se reuniam), ao ver a obra de Monet, Impressão, Sol Nascente, começou sarcasticamente a chamar esses artistas de impressionistas. Criticados, recusados e incompreendidos, as exposições de suas obras criavam uma expectativa muito grande nos círculos intelectuais de Paris, que não conseguiam compreender e aceitar seus quadros, nos quais estranhavam o naturalismo acadêmico.

Claude Monet
São duas as fontes mais importantes do impressionismo: a fotografia e as gravuras japonesas (ukiyo-e). A primeira alcançou o auge em fins do século XIX e se revelava o método ideal de captação de um determinado momento, o que era uma preocupação principalmente para os impressionistas. As segundas, introduzidas na França com a reabertura dos portos japoneses ao Ocidente, propunham uma temática urbana de acontecimentos cotidianos, realizados em pinturas planas, sem perspectiva.



Os representantes mais importantes do impressionismo foram: Manet, Monet, Renoir, Degas e Gauguin. No restante da Europa isso ocorreu posteriormente. Ao impressionismo seguiram-se vários movimentos, representados por pintores igualmente importantes e com teorias muito pessoais, como o pós-impressionismo (Van Gogh, Cézanne), o simbolismo (Moreau, Redon), e o fauvismo (Matisse, Vlaminck, Derain, entre outros) e o retorno ao princípio, ou seja, à arte primitiva (Gauguin). Todos apostavam na pureza cromática, sem divisões de luz.

Claude Monet
A própria escultura deste período também pode ser considerada impressionista, já que, de fato, os escultores tentaram uma nova maneira de plasmar a realidade. É o tempo das esculturas inacabadas de Rodin, inspiradas em Michelangelo, e dos esboços dinâmicos de Carpeaux, com resquícios do rococó. Já não interessava a superfície polida e transparente das ninfas delicadas de Canova. Tratava-se de desnudar o coração da pedra para demonstrar o trabalho do artista, novo personagem da estatuária.

PINTURA

O que mais interessou aos pintores impressionistas foi a captação momentânea da luz na atmosfera e sua influência nas cores. Já não existiam a linha, ou os contornos, nem tampouco a perspectiva, a não ser a que lhes fornecia a disposição da luz. A poucos centímetros da tela, um quadro impressionista é visto como um amontoado de manchas de tinta, ao passo que à distância as cores se organizam opticamente e criam formas e efeitos luminosos.

Edgar Degas. Aula de Dança
Os primeiros estudos sobre a incidência da luz nas cores foram realizados pelo pintor Corot, modelo para muitos impressionistas e mestres da escola de Barbizon. Tentando plasmar as cores ao natural, os impressionistas começaram a trabalhar ao ar livre para captarem a luz e as cores exatamente como elas se apresentam na realidade. A temática de seus quadros se aproximava mais das cenas urbanas em parques e praças do que das paisagens, embora cada pintor tivesse seus motivos prediletos.

Reunidos em Argenteuil, Manet, Sisley, Pissarro e Monet fizeram experiências principalmente com a representação da natureza por meio das cores e da luz. Logo chegaram à expressão máxima do pictórico (a cor) diante do linear (o desenho). Como nunca, a luz tornou-se protagonista e atingiu uma solidez ainda maior do que a que se vê nos quadros de Velázquez, nas pinceladas truncadas e soltas de Hals ou no colorido de Giorgione, reinterpretada de modo inteiramente antiacadêmica.
E. Manet. O Grande Canal
E. Manet
Mais tarde surgiriam os chamados pós-impressionistas, que não formaram nenhum grupo concreto e cujos trabalhos eram bem mais diferenciados: Cézanne e seu estudo dos volumes e formas puras; Seurat, com seu cromatismo científico; Gauguin, cujos estudos sobre a cor precederam os fauvistas; e Van Gogh, que introduziu o valor das cores como força expressiva do artista.

O líder do grupo fauvista foi Matisse, que partiu do estudo dos impressionistas e pós-impressionistas, de quem herdou sua obsessão pela cor.Junto com ele, Vlaminck e Derain, o primeiro totalmente independente e fascinado pela obra de Van Gogh, e o segundo a meio caminho entre os simbolistas e o realismo dos anos 20. O grupo se completava com os pintores Dufy, Marquet, Manguin, Van Dongen e um Braque pré-cubista. Esse movimento chegou ao ápice em 1907.

ESCULTURA

A exemplo da pintura, a escultura do fim do século XIX tentou renovar totalmente sua linguagem. Foram três os conceitos básicos dessa nova estatuária: a fusão da luz e das sombras, a ambição de obter estátuas visíveis a partir do maior número possível de ângulos e a obra inacabada, como exemplo ideal do processo criativo do artista. Os temas da escultura impressionista, como de resto da pintura, surgiram do ambiente cotidiano e da literatura clássica em voga na época.

Auguste Rodin. O Pensador
Rodin e Hildebrand foram, em parte, os responsáveis por essa nova estatuária -o primeiro com sua obra e o segundo, com suas teorias. Igualmente importantes foram as contribuições do escultor Carpeaux, que retomou a vivacidade e a opulência do estilo rococó, mas distribuindo com habilidade luzes e sombras. A aceitação de seus esboços pelo público animou Carpeaux a deixar sem polimento a superfície de suas obras, o que foi depois fundamental para as esculturas inacabadas de Rodin.

Rodin considerava O Escravo, que Michelangelo não terminou, a obra em que a ação do escultor melhor se refletia. Por isso achou tão interessantes os esboços de Carpeaux, começando então a exibir obras inacabadas. Outros escultores foram Dalou e Meunier, a quem se deve a revalorização dos temas populares. Operários, camponeses, mulheres realizando atividades domésticas, todos faziam parte do novo álbum de personagens da nova estética.

Auguste Rodin. Danaide
Auguste Rodin. O Beijo

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O QUE É ou PODE SER ARTE?


AULA 04/02



REFLETINDO

•       O que é Arte?
•       Pode-se defini-la?
•       Pode-se medir qual é o seu valor?
•       Pode-se criar regras para qualificá-la?
•       Existe obra de Arte superior ou inferior?
•       O que ou quem define o que é ou não uma obra de Arte?
•       Qual a função da Arte?
•       O que uma obra de Arte pode revelar sobre seu autor? E sobre seu tempo histórico?
•       Uma obra de arte é um documento?
•       O que é cultura?

O QUE É ARTE?

A discussão é complexa e antiga, existindo concepções diversas sobre a natureza da arte. Diversas definições e utilidades foram atribuídas às artes e suas expressões ao longo do tempo e em culturas distintas. Cada uma com seus significados e valores, revelando diferentes formas de conceber, compreender e se situar no mundo. Dessa forma a arte possui ao mesmo tempo as características de:

•      Expressão
•      Comunicação
•      Linguagem
•      Produto Cultural
•      Intelecto / conceito / idéia
•      Mercadoria
•      Sensibilidade
•      Documento Histórico

O filosofo judeu alemão Walter Benjamim cunhou (criou) o termo “Aura” em seu texto-ensaio “Obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (1936) para se referir às características de atração e encantamento presentes nos objetos artísticos. O conceito foi utilizado para designar os elementos que são únicos de uma obra de arte original; a aura é um tipo de “revestimento de valor” e está relacionada a autenticidade, a existência única de uma obra de arte e dentro de sua cultura. Portanto, ela não existe em uma reprodução. 

O ser única atribui à obra de arte um caráter de objeto quase religioso a “ser cultuado”, admirado e desejado, transmissor de valores e ideias. E ainda à própria perpetuação da presença do artista, mesmo em sua ausência (o artista se afirma e se faz presente na obra que cria). Para Walter Benjamin, a obra de arte original – aquela que possui aura – conta a história do objeto, criando valores sobre ele. Compreende variados fatores que foram alocados na obra de arte que são importantes para sua apreciação e seu entendimento.

MAS DE FATO O QUE É ARTE?

A cultura utiliza alguns instrumentos para decidir o que é uma obra de arte.

•       Críticos, peritos em arte;
•       Espaços de arte: museu, mostras, atelier, exposições;

Mas estes critérios são mesmos válidos? Infalíveis? Absolutos e inquestionáveis? Onde entra a atitude/presença do expectador da obra?

De fato o que vai apontar e legitimar alguma manifestação como arte em sentido mais amplo e a cultura que a gera e no qual ela esta inserida. É dentro de um contexto cultural específico que o objeto artístico é revestido de valor. Sendo que a Cultura é um elemento em constante movimento, que precisa ser entendido dentro de um tempo/espaço específico. Sendo assim, a cultura muda com o tempo e em locais diferentes, e de igual modo os valores culturais também são transformados ao longo do tempo.

Poderíamos definir a palavra arte como “manifestação da atividade humana por meio da qual se expressa uma visão pessoal e desinteressada que interpreta o real e o imaginário com recursos plásticos, lingüísticos ou sonoros”. Contudo, essa definição não esclarece em que uma obra de arte se diferencia de uma obra que não o é, e se esse significado é válido para todos os tempos. Novamente temos o elemento cultura, pois dentro de cada período histórico e lugar, a cultura se manifesta de uma forma distinta, trazendo conceitos e ideias sobre o que é, ou não é aceito como arte para determinado grupo. O conceito ou definição de arte então será amplo e relativo à lugares, épocas e pessoas diferentes.

ARTE E ESTÉTICA

A concepção que as pessoas têm da arte mudou, muda e mudará de acordo com o momento histórico e a sociedade. De fato, os primeiros artistas, os pintores rupestres, não tinham noção de que estavam realizando uma obra de arte, embora o sentido que eles conferiam a essas imagens estava relacionado com a magia ou com a religião, desconhecemos se também com a estética. Atualmente, contudo, consideramos que uma obra de arte, independentemente de expressar ou não um significado ou sentimento e do modo como o faça, tem de produzir uma reação estética no espectador (seja de prazer ou repulsa) e tem de ser criativa, isto é, deve mostrar formas de expressão genuínas, originais.

É possível dizer que a arte é correspondente a certas manifestações da atividade humana que nos causam um sofrimento admirativo e que é privilegiada pela cultura em um determinado período e com limites imprecisos.

HISTÓRIA DA ARTE

TEORIA INICIAL DA HISTÓRIA DA ARTE




A FUNÇÃO DA ARTE / ARTE COMO NECESSIDADE

Embora hoje em dia o valor estético desempenhe papel muito importante, as pessoas continuam sentindo necessidade de expressar-se e comunicar-se por meio da arte – e esta continua sendo um reflexo da sociedade que a gera, cumprindo simultaneamente a função de transmitir os valores desta sociedade. De fato, desde sempre, a arte foi reflexo vivo da sociedade circundante; os historiadores e outros especialistas puderam conhecer muitos aspectos dos povos e das culturas que nos precederam por meio do estudo da obra de arte, de sua estética e daquilo que nela se expressa.

O ARTISTA

Não é possível compreender a obra de arte sem o artista que a criou. Apesar disso, assim como o conceito de arte mudou ao longo da história, o mesmo aconteceu com o conceito de artista, que deixou de ser considerado simples artesão e passou a ser admirado como gênio criativo, capaz de gerar obras únicas. Embora na época clássica da Grécia e da Roma antigas tenha tido reconhecimento social e, em alguns casos, tenha chegado a assinar suas obras, é somente no Renascimento, com a exaltação que se fez do ser humano, que o artista abandona definitivamente o anonimato. É nessa época também que se forja o conceito de gênio, aplicado a alguém com capacidade extraordinária ou fora do normal para citar e inventar coisas ou objetos admiráveis – é quando a figura do mecenas (ou protetor) se consolida. 

Daniel F. do Carmo

“Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e se aproximem os anos que você dirá: Não tenho satisfação neles” EC 12:01